sexta-feira, 15 de junho de 2012

50 ANOS DO ESTADO DO ACRE

João Goulart (centro), Tancredo Neves (d), Guiomard Santos e sua esposa, Lídia (e), na histórica cerimônia de assinatura da lei que elevou o Acre a Estado
Histórias de esperança pela autonomia de um povo que insistiu em ser brasileiro defendendo a democracia como instrumento de emancipação

Confiar num Acre altaneiro

Novo estado do Brasil

É prestigiar uma terra

Forte, pujante e viril;

No Acre sendo Estado

Teremos força e valor,

E honraremos seu passado,

Com um futuro promissor.

(Canção Autonomista; Letra: Edson Martins e Omar Sabino; Música: Oscar Paiva)

A história do "Acre Estado" revela esse cântico ao trazer à memória que na manhã do dia 8 de maio de 1964 apenas começava quando o DC-3 "Dim Araújo" prefixo PT-BU aguardava no aeroporto de Rio Branco a chegada do casal que estava sendo coagido a deixar o Acre. Eram cerca de 8h.

Partiram José Augusto de Araújo e Maria Lúcia, o governador perseguido e cassado pela ditadura que se implantava em todo o Brasil. Augusto foi o primeiro governador eleito pela vontade do povo tão logo os autonomistas venceram a luta pelo Acre Estado, mas acabou derrubado pelo Golpe Militar de 1964 numa operação tão sombria que só muito tempo depois foi chegar ao conhecimento dos generais do movimento - e pelas próprias mãos do governador, num relatório dirigido a um oficial carioca.
João Goulart (centro), Tancredo Neves (d), Guiomard Santos e sua esposa, Lídia (e), na histórica cerimônia de assinatura da lei que elevou o Acre a Estado

"O que José Augusto garantia e o povo tinha confiança nisso é que ele faria do Acre um Estado modelo para a Federação", lembra Maria Lúcia. Augusto ganhou de presente uma caneta de ouro do Movimento "A Voz do Povo", de Cruzeiro do Sul, com o qual assinou sua posse. A população fez uma cota para arrecadar o valor da caneta, fabricada no Rio de Janeiro especialmente para o governador. Em outra demonstração de apreço popular, as irmãs do Colégio São José confeccionaram a Faixa Governamental que Augusto usou na posse. Tanto a caneta quanto a Faixa foram doadas para a Universidade Federal do Acre.

José Augusto, o primeiro governador constitucional do Acre, discursa na esplanada do palácio Rio Branco

José Augusto partiu no avião batizado de Dim Araújo que comprara para o serviço do Governo, a primeira aeronave própria do Estado. Seu governo não pensava só o presente, mas fundamentalmente via o Acre no futuro, uma região desenvolvida, próspera e feliz.

A trajetória de governador foi brutalmente interrompida e sua vida, ceifada pela doença que se agravou ao sair do Acre, foi marcada de amor: "ele amava muito o povo acreano e dizia para mim: vou trabalhar, não vou decepcionar meu povo".


Longo processo - A luta pela autonomia e elevação do Acre à condição de Estado foi um processo que durou décadas e, conforme lembra o historiador Gerson Albuquerque, coordenador do Centro de Documentação e Informação Histórica (CDIH) da Universidade Federal do Acre (Ufac) teve diferentes fases e personagens - "de Mâncio Lima a Omar Sabino", cita. Gerações, portanto, queriam experimentar o sentimento de liberdade que começou de modo latente com a Insurreição Acreana.  

Adaptação de matéria veiculada na Agência de Notícias do Acre

Nenhum comentário:

Postar um comentário